lunedì 27 giugno 2011

TIÃO - Papai. . .
OTÁVIO - Me desculpe, mas seu pai ainda não chegou. Ele deixou um
recado comigo, mandou dizê pra você que ficou muito admirado,
que se enganou. E pediu pra você tomá outro rumo, porque essa
não é casa de fura-greve!
TIÃO - Eu vinha me despedir e dizer só uma coisa: não foi por covardia!
OTÁVIO - Seu pai me falou sobre isso. Ele também procura acreditá que
num foi por covardia. Ele acha que você até que teve peito. Furou
a greve e disse pra todo mundo, não fez segredo. Não fez como o
JesuÍno que furou a greve sabendo que tava errado. Ele acha, o
seu pai, que você é ainda mais filho da mãe! Que você é um traidô
dos seus companheiro e da sua classe, mas um traidô que pensa
que ta certo! Não um traidô por covardia, um traidô por convicção!
TIÃO - Eu queria que o senhor desse um recado a meu pai. . .
OTÁVIO - Vá dizendo.
TIÃO - Que o filho dele não é um "filho da mãe". Que o filho dele gosta de
sua gente, mas que o filho dele tinha um problema e quis resolvê
esse problema de maneira mais segura.Que o filho é um homem
que quer bem!
OTÁVIO - Seu pai vai ficá irritado com esse recado,mas eu digo. Seu pai
tem outro recado pra você. Seu pai acha que a culpa de pensá
desse jeito não é sua só. Seu pai acha que tem culpa...
TIÃO - Diga a meu pai que ele não tem culpa nenhuma.
OTÁVIO - se eu te tivesse educado mais, tivesse mostrado melhor o que é a vida,
tu não pensaria em não ter confiança na tua gente. . .
TIÃO - Meu pai não tem culpa. Ele fez o que devia. O problema é que eu
não podia arriscá nada. Preferi tê o desprezo de meu pessoal pra
poder querer bem, como eu quero querer, a tá arriscando a vê
minha mulhé sofrê como minha mãe sofre, como todo mundo
nesse morro sofre!
OTÁVIO - Seu pai acha que ele tem culpa!
TIÃO - Tem culpa de nada, pai!

(Gian Francesco Guarniere)

domenica 26 giugno 2011




Não vamos perder tempo com discussões inúteis! (Pausa. Veemente.) Vamos fazer alguma
coisa, enquanto temos a oportunidade! Não é todo dia que precisam de nós. Não que precisem
realmente de nós. Outros poderiam tratar do assunto tão bem quanto a gente, talvez até melhor do que a gente. Esses gritos de socorro que ainda ressoam em nossos ouvidos foram dirigidos à humanidade inteira! Mas neste momento, neste lugar, a humanidade inteira se resume em nós, queiramos ou não.
Vamos fazer o melhor que pudermos, antes que seja tarde demais! Vamos representar dignamente, ao menos uma vez, o terrível papel que um cruel destino nos reservou! Que é que você me diz? (Estragon não diz nada.) É evidente, também, que, se ficarmos de braços cruzados, pesando os prós e os contras, também faremos justiça à nossa espécie. O tigre se precipita em socorro de seus congêneres sem a menor reflexão. Ou foge a se esconder nos emaranhados da selva. Mas a questão não é essa. O que é que estamos fazendo aqui? Esta é a questão. E somos abençoados por conhecer a resposta. Sim, em meio a essa imensa confusão, uma só coisa está clara: estamos esperando Godot.

Morte e Vida Severina




















O meu nome é Severino,
como não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria;
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias.

Mais isso ainda diz pouco:
há muitos na freguesia,
por causa de um coronel
que se chamou Zacarias
e que foi o mais antigo
senhor desta sesmaria.
Como então dizer quem falo
ora a Vossas Senhorias?
Vejamos: é o Severino
da Maria do Zacarias,
lá da serra da Costela,
limites da Paraíba.













Mas isso ainda diz pouco:
se ao menos mais cinco havia
com nome de Severino
filhos de tantas Marias
mulheres de outros tantos,
já finados, Zacarias,
vivendo na mesma serra
magra e ossuda em que eu vivia.
Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas
e iguais também porque o sangue,
que usamos tem pouca tinta.
E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte Severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte Severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).
Somos muitos Severinos
iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras
suando-se muito em cima,
a de tentar despertar
terra sempre mais extinta,
a de querer arrancar
alguns roçado da cinza.
Mas, para que me conheçam
melhor Vossas Senhorias
e melhor possam seguir
a história de minha vida,
passo a ser o Severino
que em vossa presença emigra.

João Cabral de Melo Neto

Manual de Sobrevivencia



"Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se, que companhia nem sempre significa segurança, e começa a aprender que beijos não são contratos, e que presentes não são promessas

Começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança; aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.

Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo, e aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam... aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais, e descobre que se leva anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas em um instante, das quais se arrependerá pelo resto da vida; aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias, e o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida, e que bons amigos são a família que nos permitiram escolher. Aprende que não temos que mudar de amigos se compreendemos que eles mudam; percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos.

Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa, por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas; pode ser a última vez que as vejamos

Aprende que as circunstâncias e os ambientes tem influências sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos. Começa a aprender que não se deve compará-los com os outros, mas com o melhor que podem ser. Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto. Aprende que não importa onde já chegou, mas onde se está indo, mas se você não sabe para onde está indo, qualquer lugar serve. Aprende que ou você controla seus atos, ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados. Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências. Aprende que paciência requer muita prática.

Descobre que algumas vezes a, pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se; aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou; aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha; aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens; poucas coisas são tão humilhantes... e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.

Aprende que quando se está com raiva se tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel. Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame não significa que esse alguém não o ama com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso. Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém; algumas vezes você tem que aprender a perdoar a si mesmo. Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado. Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás, portanto, plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores, e você aprende que realmente pode suportar... que realmente é forte e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais.

Descobre que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida! Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar, se não fosse o medo de tentar."


W. Shakespeare

venerdì 16 luglio 2010

Macbeth ato 1 cena V

o próprio corvo está rouco crocitando a fatídica entrda de Duncan em meu castelo. Vinde, espíritos que trazem os pensamentos de morte, tirai-me o sexo, cheia me deixando, da cabeça até aos pés, da mais terrível crueldade! Espessai-me todo o sangue; obstruí os acessos da consciência, porque batida alguma compungida da natureza sacudir não venha minha hórrida vontade, promovendo acordo entre ela e o ato. Entre em meus seios e transoforme o meu leite em fel, vinde invisiveis sacerdotes do crime, de onde as vossas substâncias incorpóreas sempre se acham à espreita de desgraças deste mundo. Vem, noite espessa, e embuça-te no manto dos vapores do inferno mais sombrios, porque as feridas meu punhal agudo não veja que fizer, nem o céu possa espreitar através do escuro manto e gritar: “Pára! Pára!” (Entra Macbeth.) Eu te saudo Grande Glamis, digno Cawdor, maior do que ambos, ainda, pela futura saudação. Tua carta me transportou para alem do presente e neste momento, sinto o fututo.
MACBETH — Duncan, meu caro amor, chega esta noite.
LADY MACBETH — E quando vai embora?
MACBETH — Amanhã mesmo, segundo pensa.
LADY MACBETH — O sol, oh! nunca, nunca verá esse amanhã. Vosso rosto, meu thane, é um livro aberto em que podemos ler coisas estranhas. Para o mundo enganardes, a aparência tomai do mundo; tende boas-vindas nas mãos, nos olhos e na própria língua; a todos parecei flor inocente, mas sede a serpe que na flor se esconde. Cuidemos do hóspede que chega, sendo que a meu cargo deveis deixar o grande negócio desta noite, que nos há de legar dias e noites de alegria, de mando soberano e de valia.
MACBETH — Depois conversaremos.
LADY MACBETH — Só te digo que a voz mudar é revelar perigo. Deixa o resto comigo.
(Saem.)

domenica 20 giugno 2010

Tabacaria: Fernando pessoa

Fiz de mim o que não soube

E o que podia fazer de mim não o fiz.

O dominó que vesti era errado.

Conheceram-me logo por quem não era

E não desmenti, e perdi-me.

Quando quis tirar a máscara,

Estava pegada à cara.

Quando a tirei e me vi ao espelho,

Já tinha envelhecido.

Estava bêbado,

já não sabia vestir o dominó

que não tinha tirado.

Deitei fora a máscara e dormi no vestiário

Como um cão tolerado pela gerência

Por ser inofensivo

E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

Autopsicografia: Fernando Pessoa

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira a entreter a razão,
Esse comboio de cordaque se chama o coração.